AUTOAVALIAÇÃO: bases e elaboração do processo

Em julho de 2019, o Programa de Pós-Graduação em Mídia e Cotidiano instituiu, formalmente, a sua Comissão de Autoavaliação em sincronia à Capes e ao PDI da Universidade Federal Fluminense. Deste modo, foram elaborados o processo e propostas que definiram o caminho da autoavaliação do PPGMC, após avaliação da Coordenação e do Colegiado do Programa, com participação de representação discente. No entanto, mais uma vez é preciso relatar que esse processo também foi impactado pela situação de pandemia em 2020. Em termos práticos, não foi possível, como se pretendia, trabalhar os dados em termos de aprofundamento qualitativo, em especial junto aos discentes e egressos. Não bastasse, diversas situações de discentes com dificuldades financeiras e emocionais a partir de 2020, modificaram as prioridades do PPGMC, conforme relataremos, em mais detalhes, no item destinado a essas informações/reflexões (“Impactos do COVID nas ações do Programa).

Mas, mesmo reconhecendo esses limites, o Colegiado optou por manter a proposta da existência da Comissão e todo o processo que foi elaborado por esta, discutido e aprovado pelo Programa, como já colocado. Em especial porque um dos seus fundamentos era o próprio histórico do Mídia e Cotidiano que desde o início das suas atividades veio, ano a ano, consolidando espaços e instrumentos de autoavaliação, incluindo instrumentos de coleta de dados que sempre ofereceram parâmetros relevantes para a autoavaliação do PPGMC. Assim, a Comissão de Autoavaliação foi formada pelos professores Denise Tavares, Alexandre Farbiarz, Adilson Cabral e pelo discente Diego Cotta, sendo a discente Flávia Olaz suplente. Esta Comissão foi eleita pelo Colegiado do Programa sob os seguintes critérios: indicar quem já conhecia bem o Sucupira e o Processo de Avaliação da CAPES e as coordenações de Linha. Já a representação discente foi definida pelos alunos, sendo sugerido que levassem em conta a disponibilidade de tempo e conhecimento do Programa, o que levou a se priorizar bolsistas e quem já tivesse cursado o Mestrado no Mídia e Cotidiano, caso do doutorando Diego Cotta, egresso do Mestrado, e da suplente Flávia Olaz, sendo que essa última só preenche a primeira sugestão. Quanto às instâncias de deliberação, a Comissão deveria se reportar, primeiro, à Coordenação do Programa para que esta avaliasse as propostas e, após esta etapa, ao Colegiado do Programa, que conta com representação discente, para discussão e aprovação.

Documentos orientadores e construção da proposta

O Mídia e Cotidiano sempre se pautou por processos de autoavaliação em diversas chaves, seja na indicação dos pontos fortes e fracos do Programa, seja no arrolar das ações e projetos que constituiriam o “futuro” imediato ou de médio prazo da Pós, seja em reuniões específicos de docentes e de discentes. O que sempre norteou estes processos foram os documentos da CAPES, da área e da UFF  que indicam parâmetros de excelência e princípios que devem nortear as atividades da Pós-Graduação no cenário do país. Assim, construímos o seguinte processo:

a) Necessidade e Finalidade da Autoavaliação

a1) Bases para a elaboração da proposta a partir do que coloca a CAPES/Área da Comunicação e Informação:

A CAPES reconhece que há um “gap” na formação de professores para o sistema de educação brasileiro e na qualificação de técnicos e trabalhadores intelectuais. Sob esse horizonte, o PPGMC assume que o processo de autoavaliação pode favorecer a construção da identidade do Programa para além dos padrões mínimos garantidos pela avaliação externa. Esse processo deve gerar reflexões que precisam ser sistematizadas de modo que os resultados obtidos levem em conta as possibilidades de correção de trajetórias e a constituição de projeções coerentes com os objetivos da Pós. Para que tal aconteça, o Mídia e Cotidiano deve ter clareza quanto à sua missão e objetivos de modo que a autoavaliação seja apta a apontar deficiências e propor mudanças, inclusive quanto à inserção no contexto social/internacional e às escolhas científicas específicas que faz. Outro aspecto essencial à constituição de um processo de autoavaliação coerente é este ser capaz de detectar pontos fortes e potencialidades, tanto quanto discriminar pontos fracos do PPG e assim prever oportunidades e metas, sendo que estas devem ser estabelecidas considerando-se, sempre, a possibilidade de revisões. Por fim, deve-se entender que:

– A autoavaliação constitui o relato detalhado, por parte do Programa, sobre seus procedimentos e instrumentos de autoavaliação;
– Trata-se de um processo que deve pensar a prática, refletir sobre esta, encontrar lições na prática e derivar dela ações concretas, iluminadas pela teoria;
– E, finalmente, a autoavaliação deve induzir ações, valores e comportamentos que reflitam as expectativas da formação e das contribuições do Programa ao desenvolvimento do conhecimento científico relacionado à sua área

a2) Bases para a elaboração da proposta a partir do que coloca o PDI da UFF:

Conforme o último PDI da UFF (2018-2022) a universidade tem como meta ampliar em 20% o total de cursos que sejam avaliados com nota 5. Para atingir esta meta, indicou para os atuais PPGs, especialmente aos que não estão nesse patamar, o que considera ações necessárias (e urgentes, já que a avaliação ocorre em 2021), nesta direção. Todas as propostas elencadas partem de dois grandes eixos: atuação nacional e atuação internacional. Ou seja, o PDI da UFF projeta, ao mesmo tempo, um diagnóstico e suas pretensões de superar os impasses. Assim, ela estabelece que, em termos de fragilidades, a mais significativa é o baixo número de PPGs com nota igual ou superior a 5. Uma situação que é decorrente, em parte, do baixo índice de internacionalização desses Programas. Enfim, trata-se de uma teia imbricada, que envolve uma perspectiva de incentivos que, nem sempre, a Universidade, pelas condições atuais, é capaz de viabilizar. De todo modo, alguns tópicos são passíveis de mensuração, enquanto outros são um compromisso que foi explicitado, de modo bastante objetivo, no Regimento Interno do Mídia e Cotidiano. Para ficar mais fácil estes pontos, agrupamos o que o PDI da UFF aponta em três tópicos que, a nosso ver, engloba todos:

– Ampliar e qualificar a atuação Nacional e Internacional do Programa;
– Ampliar a atuação docente e discente em todas as instâncias de ensino (do básico à pós-graduação);
– Construir estratégias de qualificação da formação docente, discente e das pesquisas.

b) Elaboração da proposta a partir das ações já utilizadas pelo PPGMC: histórico e aprimoramentos

Como colocado, desde seu início o Mídia e Cotidiano tem procurado construir espaços e processos de autoavaliação por entender que esta seria vital para um Programa Emergente, que começava suas atividades após duas recusas de APCN e em um ambiente onde já existia outras duas Pós-Graduações da área da Comunicação e Informação. Ou seja, a singularidade da sua área de concentração e da denominação “mídia e cotidiano” pressupunha, no mínimo, um esforço de maior clareza de seus objetivos e objetos de pesquisa, considerando a tradição (e hegemonia) da terminologia “de Comunicação” na área. Terminologia que dialoga facilmente com as graduações, oferecendo, para o senso comum, uma amplitude maior do campo de investigação. Além desse aspecto, outro fator apontado no APCN era a pouca experiência da quase totalidade do corpo docente quanto a atuarem na Pós-Graduação. Este cenário confirmou a proposta da constituição de um perfil diferenciado que, a nosso ver, poderia complementar possíveis ausências de pesquisas, em especial pela formação acadêmica dos docentes em Jornalismo e Publicidade – o que também criava pontes diretas com a graduação – e pela própria experiência profissional do corpo de professores do Programa, que poderia garantir robustez às pesquisas aplicadas, por exemplo, além de facilitar um certo teor crítico pautado, justamente, por essas vivências. Neste cenário e com essas autoavaliações, o PPGMC, instituiu:

1). Espaços de autoavaliação:
–  Seminário anual interno, realizado em dezembro para avaliação e planejamento (participação exclusiva de docentes);
– Seminário anual interno do corpo discente: apresentação dos projetos de pesquisa com avaliação (banca de 3 professores) e discussão das pesquisas (anterior a qualificação);
– Reuniões Colegiadas (mensais, com participação de representante discente) e Reuniões Executivas (sem calendário pré-determinado, dependendo de situações específicas, sem participação discente);
– Reuniões Específicas com os alunos bolsistas, duas vezes por semestre;
– Reunião Semestral da Coordenação, aberta à participação docente (convite), com todo o corpo discente de cada Curso;
– Reunião Extraordinária Docente que incorpora discussão sobre os instrumentos de avaliação encaminhados pelos discentes e egressos sobre as disciplinas,
– Reunião de recepção de Turma, com todos os docentes e aberta a todos os discentes matriculados e egressos (convite).

2) Instrumentos para coleta de dados:
– Aplicação de questionário escrito ao fim do ano letivo para os discentes, com avaliação das disciplinas; da orientação e sobre o PPGMC em geral e com espaço para autoavaliação tendo como parâmetros as atividades desenvolvidas, os desafios enfrentados e as expectativas em relação ao próximo período e à pesquisa que realiza, com projeção de calendário de qualificação e defesa (quando for o caso de cada um);
– Relatório de autoavaliação docente considerando: atividades realizadas no Programa (participação nas reuniões colegiadas; em Comissões; nos projetos e produtos como site, revista, redes sociais e outras); publicações; participação em editais; atividades do Grupo de Pesquisa; participação em Redes de Pesquisa e outras que considerar relevantes;
– Pesquisa junto aos egressos: questionário enviado pela Coordenação com apoio do ex-orientador focando situação acadêmica e profissional; contribuições do Curso à vida profissional e acadêmica; solicitação de atualização do Lattes (nem sempre estão); projetos e expectativas;
– Relatório docente de avaliação de orientandos informando participação no Grupo de Pesquisa; envolvimento com a pesquisa; cumprimento do calendário de orientação; diagnósticos que considerar relevantes em relação à qualidade da formação.
– Relatório de avaliação dos Processos Seletivos: elaborados por cada Comissão de Seleção (dados quanti-qualitativos, isto é, números de candidatos, qualidade dos projetos, dificuldades do processo, propostas de correções etc); pela Secretaria (esta privilegia os aspectos diretamente relacionados à sua atuação, ou seja, adequação do cronograma às etapas de seleção; adequação dos formulários; reclamações e dificuldades pontuais etc);
– Relatórios da Secretaria quanto a cada Curso e discentes: matriculados em cada disciplina; tabulação de notas destacando reprovações (caso existam); matriculados externos (quantidade e curso de origem); situação da entrega das dissertações e atrasos em solicitações de diplomas e outras situações que envolvem a vida acadêmica dos discentes;

3) Dados dos Relatórios anuais do Sucupira
A Comissão revisou o que foi apontado como Pontos Fortes e Pontos Fracos do PPGMC nos relatórios do Sucupira de 2017 e 2018 de modo a incluir estes diagnósticos em cotejo ao que destacou do PDI da UFF, dos documentos da CAPES e dos temas já apontados pela Coordenação de Área, em especial a expectativa da mudança da Ficha de Avaliação.